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Fiat comemora 40 anos do primeiro carro a álcool

O dia 5 de julho de 2019 marca os 40 anos da chegada às ruas do primeiro carro a álcool produzido em série no Brasil, um Fiat modelo 147, com motor 1.3 e câmbio manual de quatro marchas. Costumam ser ruins as lembranças de quem teve em casa um destes (ou algum de seus concorrentes), especialmente pela dificuldade de partida em dias frios.

Mas também é verdade que o know-how acumulado com aqueles primeiros modelos continua favorecendo a indústria. Vale recordar que o desenvolvimento dos carros a álcool da Fiat e de todas as fabricantes de automóveis instaladas no Brasil ocorreu em virtude do Proálcool, programa de desenvolvimento lançado em novembro de 1975 pelo governo, com empréstimos a juros abaixo dos praticados no mercado para incentivar produtores de cana-de-açúcar e também montadoras.

A razão era o choque do petróleo, cujo barril havia saltado de US$ 2,03 em 1971 para US$ 10,73 em 1974. Refém do ouro negro importado, o Brasil precisava criar uma solução doméstica. 

Surgia assim uma nova matriz energética. A produção de álcool saltou de 3,4 bilhões de litros ao ano em 1980 para 9,5 bilhões em 1985. Também neste curto período a participação de carros a álcool subiu de 27% para 95,8%.

Mais tarde, com o recuo do preço do petróleo, os modelos a álcool perderam apelo. Mas a massificação do uso da injeção eletrônica e a modernização dos sistemas de gerenciamento do motor mostraram para montadoras e fornecedores uma nova possibilidade, a de fabricar carros capazes de consumir só etanol, só gasolina ou a mistura de ambos em qualquer proporção. 

Em 2003 surgia o VW Gol Total Flex, primeiro carro bicombustível. Essa nova tecnologia foi favorecida pelos conhecimentos acumulados no período do Proálcool.

“A virada para o flex acabou sendo bastante ‘confortável’, a maior evolução nesses modelos foi mesmo no gerenciamento eletrônico”, recorda Ronaldo Ávila, atual supervisor de engenharia da FCA, que na época atuava como técnico de laboratório.

Segundo Ávila, a utilização de níquel químico para proteger peças metálicas que entram em contato com o etanol, os componentes de escape produzidos em aço inoxidável, novas borrachas e plásticos são itens que fizeram parte desse aprendizado. Muita coisa foi estendida para modelos a gasolina.

UM CHEIRO CARACTERÍSTICO NO AR

álcool

Quem viveu esse período de desenvolvimento e chegada dos veículos a álcool vai se lembrar do cheiro que eles deixavam como rastro por onde passavam. É assim o Fiat 147 ano 1979 com pintura preta e faixa branca nas laterais (na foto abaixo), vendido naquele ano ao Ministério da Fazenda. O carro foi descoberto pela FCA recentemente. Com 80 mil quilômetros, ele passou por uma pequena revisão e teve seus pneus substituídos para poder rodar com segurança. 

Com 62 cv declarados, o 147 quarentão a etanol demora um pouco para pegar, mesmo após aquecido, mas entra na pista de testes da Fiat de Betim sem muita cerimônia e cumpre seu papel. O desempenho é bom, mas as respostas com meio acelerador mostram que o carro precisa de uma restauração mais profunda. 

Mas o mais estranho de dirigir um carro destes é a ausência de alguns itens de segurança: não há encosto de cabeça nem mesmo nos bancos dianteiros, os cintos são apenas abdominais e só há retrovisor externo do lado esquerdo. 

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Essa primeira geração do Fiat 147 a álcool tinha 1 cv a mais que o modelo a gasolina. A taxa de compressão do motor foi elevada de 7,5:1 (gasolina) para 11,2:1. “Esse aumento ocorreu apenas com a modificação no cabeçote, os pistões eram iguais”, afirma Robson Cotta, hoje gerente de engenharia experimental, mas que na época atuava na Fiat como engenheiro de testes. 

Cotta recorda que a proteção das chapas de aço dos tanques de combustível trocou o chumbo pelo estanho. Dutos e bomba de combustível também tiveram de ser substituídos. O álcool também contaminava os lubrificantes, que precisaram de aditivação apropriada. 

Segundo uma publicação da época, o Fiat 147 a álcool fez a prova de zero a 100 km/h em 16,2 segundos, ante 18,2 s com o modelo a gasolina. Todas as retomadas de velocidade com o carro a álcool foram mais rápidas. De 80 a 100 km/h em quarta marcha, por exemplo, foram 7,8 segundos, ante 8,8 s usando o combustível fóssil. A velocidade máxima foi só um pouquinho melhor, 142 km/h com álcool e de 140 km/h com gasolina.

Fonte: Automotive Business

Fotos: Divulgação/Fiat

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